quinta-feira, 10 de abril de 2008

Para o meu pai...

Não sei se algum dia terei a agradável surpresa de uma visita tua a este meu mundo, mas escrevo para ti. Sabes como eu sou, o aniversário aproxima-se e a minha nostalgia aumenta, fico lamechas, piegas, com uma vontade enorme de voltar a ser criança e sentir a tua protecção, a tua força de carácter, o teu carinho.
Recordo velhas fotografias da minha infância, ao teu colo, e sinto tantas saudades. Como te deixaste envelhecer assim? Não ideologicamente, mas de espírito! Às vezes parece que já desististe e eu não quero aceitar isso!Ainda tens tanto para me ensinar, ainda preciso tanto de ti! Foste tu que me ensinaste os maiores valores da vida, a importância inquestionável da dignidade e da integridade nas relações humanas, a responsabilidade de sermos livres e a influência da educação no nosso futuro. Deixaste-me errar para aprender, sem nunca me deixar cair. Apontaste-me caminhos, não as soluções, sem me forçar a fazer qualquer opção específica, em detrimento de algum sonho meu. Afastaste-me de maus caminhos com as tuas sábias palavras, respeitaste as minhas escolhas e se me julgaste por algumas menos acertadas, nunca o senti. Da mesma forma que me ensinaste a andar de bicicleta, ensinaste-me a crescer, a assumir responsabilidades de uma pessoa adulta, a cortar cordões que não queria, mas precisava. Estou-te grata por tudo isto e por tudo aquilo que ainda tenho a aprender contigo.
Admiro-te imenso, os teus ideais, as tuas ideias e opiniões acerca de inúmeros e variados assuntos. A tua sede de conhecimento, o teu gosto pela leitura, o teu interesse pelo mundo, a tua racionalidade, os teus valores, tudo aquilo que conquistaste e todo o empenho com que o fizeste. Só gostava que gostasses um pouco mais de ti...e de cães...e de gatos...
Sei que por vezes me sentes insegura, vulnerável, frágil, mas quando estou contigo só me apetece ser filha, criança, sonhadora, despir a capa de mulher adulta, mandar passear as responsabilidades, porque sei que tu estás lá, como sempre estiveste. Talvez preferisses conhecer essa mulher, do que esta eterna menina, não sei, hei-de perguntar-te, mas no que me toca, contigo, quero ser sempre pequenina e sentir a segurança do teu abraço.
Já encontrei o meu princípe, mas tu serás sempre o meu Rei.

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